terça-feira, 2 de abril de 2024

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

finalmente

isso que se constrói é uma forma de delimitar esse aguaceiro.
não que as lágrimas sejam mal vindas - é que as palavras organizam o que precisa existir e não assenta.
mas preciso é não amansar
o que me atrai é movimento
me interessa então o não enfileiramento de ideias

portanto o que se constrói - pra que esse caminho?
qual é a busca quando me ponho diante de mim?
se não livramento; habitar. 
comungar do medo do enlouquecimento que me livra da coerência.
tornar-se maior na medida que os desassossegos me tomam.
aquele que se livra do desconforto em descarte é o que detém a insanidade.

sábado, 3 de junho de 2023

sexta-feira, 2 de junho de 2023

acordei cantando a enormidade que é a vida. 
e agora triste lembro do tanto que te chamei - e te vi - enorme.
me aninhei no teu tamanho, e você cresceu sobre mim em infinitos aspectos.
te fiz pai, mãe, avó, filho.
te coloquei em todos os lugares da minha vida.
inclusive no meu
te fiz grande sobre os meus olhos, me encolhi.
pra caber nós dois.
eu olho pra saudade do seu cuidado, e lembro que ele tinha um preço.
o preço de ser seu porto seguro a qualquer custo.
foi o produto que vendi pra você desde o começo. 
ser colo, ser ouvido, ser seio, corpo inteiro.
eu olho pra saudade do seu cuidado,
e lembro que enquanto era cuidada, me asfixiava.
um ano inteiro de falta de ar.
da paixão ao sufocamento.
sexo, condição, silêncio.
todos os dias o esforço era de me fazer útil.
e na primeira oportunidade de me colocar em condição de estorvo,
o chute.
a decepção, o sem sentido, a insegurança trazida sem trabalho.

por muito tempo ainda
escreverei textos magoados sobre a vida
como se a vida fosse você, mas não é.

quarta-feira, 24 de maio de 2023

feita apenas para amar, para viver pelo seu amor e pra ser só perdão. foi ecoando a frase da infância até aqui. da sala para o quarto, do quarto para o caderno, pra folha solta na aula de literatura daquela escola cheia de vidro e inaugurações. para o olhar (minha piada) que seduz o menino nem feio nem bonito da mesa de trás. o amor possível. que é também inalcançável de exaustivo. amor do atropelamento, da derrocada do encantamento. amor que é qualquer palavra dita, que sua o corpo, que cantarola caetano no caminho pro trabalho. mas que também não é exatamente alguma coisa. é um apanhado de comportamentos que olhando de perto não sedimentam nada. 

uma hora dessas resolvi inventar que o amor acabou. 

uma conversa, duas, silêncios, cortes, cenas interrompidas, perguntas sem respostas ou respostas fora do tempo. despeje tudo em forma velha e voilà me encontrei sem alma. sem aquela cafonice de palavra coach que começa com P. carregando água na peneira não na vida toda graças ao bom deus que eu quase acreditei não acreditar. 

 a existência do ódio no nosso amor nunca foi um segredo.

sábado, 20 de maio de 2023

erguem-se memórias-desejos do que (nem foi bem assim) aconteceu.
palavras saem de mim a terceiros - que são quase primeiros, que são quase eu  - para contar as minhas invenções.
toda memória é inventada - foi o que ela me disse quando me neguei a trazer as histórias do amor primeiro.
-
está escuro aqui com muitas vozes ao mesmo tempo, e seus discursos de resgate da caverna que escolhi explorar - e digo explorar porque ia escrever entrar, mas me soou vitimado.
eternos instantes nessas últimas horas pra localizar uma fresta saída de onde ainda posso chegar - e digo chegar porque ia escrever pisar, mas me soou tirano.
na minha frente brotam almas velhas segurando minha mão. as vozes estão ficando roucas e escuto que preciso conhecer o futuro pelo presente. 
as vozes alarmam a correnteza que vem invadindo a caverna.
a caverna pertence à ilha.
a tal da ilha que ela me disse com mar revolto no intervalo entre a proxima. 
o mar que eu nado sozinha, ou que nado com uma bóia mais pesada que eu. 
atravessar águas.
ser atravessada.
ser arrastada.
imagem primitiva.
-
o amor primeiro
que recuso evocar.